MV Bill e Helena Ranaldi em cena de 'Malhação'
Foto: TV Globo/Divulgação
Há 15 anos no ar, Malhação nunca esteve tão madura. Com quase metade dos personagens de maior destaque com idades a partir dos 40 anos, a novelinha que estreou em 1995 na grade da Globo para discutir assuntos predominantemente adolescentes - como gravidez precoce, vestibular e relacionamento entre pais e filhos -, poucas vezes passeou por questões que fugiam do universo teen. Apesar de ainda abordar os mesmos dramas juvenis, nesta 18º temporada, os personagens adultos roubam a cena e contracenam com um elenco jovem bem mais preparado que nas temporadas anteriores. A começar pela protagonista Daniela Carvalho como a mocinha Catarina. Aos 24 anos de idade, a atriz já transmite uma segurança raramente vista nas protagonistas de Malhação.
O mesmo se pode falar dos atores mais jovens, como Marcello Melo, como o goleiro Maicon, a descolada Duda e seus cabelos curtíssimos interpretada por Nathalie Jordan, ou mesmo a espevitada Josiane, da talentosa Júlia Oristânio. Ao se deparar com o texto dos atores mais experientes, esses jovens são alguns exemplos de que o preparo dos coachs de Malhação e as oficinas semanais de interpretação para este celeiro de novatos tem rendido bons frutos.
Em cena, eles conseguem ser lançados como num trampolim pelos veteranos da trama, como o divertido Aílton Graça, como Seu Pintinho, Mário José Paz, como o técnico de futebol Farnel, ou mesmo a sempre carismática Helena Ranaldi, com sua equilibrada diretora Tereza, dona do fictício colégio Primeira Opção. Com diálogos ágeis e enxutos, os capítulos conseguem se sobressair às últimas e insossas temporadas do folhetim. No entanto, ainda não esquentou a audiência, que se equilibra sobre 17 pontos de média.
Mesmo com um ibope ainda morno, esta temporada que aborda as pungentes diferenças sociais e econômicas e se intitula como Cidade Partida, tem a direção de Ricardo Waddington cada vez mais cuidadosa e atenta, com um ritmo preciso, que mistura comédia e drama com harmonia. E sem pieguices que poderiam se sobressair a partir do tema das diferenças sociais. No caldeirão já bem temperado nesta fase do folhetim, destaca-se uma atriz das antigas, marcante em todas as cenas em que aparece. Inez Vianna, na pele da desbocada e despachada Dona Zica, mãe do goleiro Maicon, consegue segurar grande parte das tomadas da história que, cada vez mais, não parece mais apenas voltada para o público juvenil.